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Você está localizado em: Home » Câncer de tireóide x alterações vocais e de deglutição
A tireóide é uma pequena glândula situada na região do pescoço, abaixo da laringe e é responsável pela produção de dois hormônios: tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), que são fundamentais para a manutenção do equilíbrio metabólico do organismo.
A baixa produção de hormônios da tireóide (hipotiroidismo) causa cansaço, letargia, queda de cabelo, aumento de peso e, em mulheres, alterações da menstruação. Quando a tireóide produz hormônios em excesso (hipertiroidismo), os sintomas são: agitação, ansiedade, diarréia, transpiração excessiva, palpitações e perda de peso. Vale ressaltar que tanto o hipotiroidismo como o hipertiroidismo raramente estão associados ao câncer de tireóide. Entretanto, devem receber atenção e tratamento adequados.
As tireoidopatias têm uma alta prevalência na população geral, sendo que em muitos casos o tratamento será baseado em cirurgia, a tireoidectomia, que é a remoção cirúrgica da glândula tireóide, que pode ser total ou parcial. É um procedimento freqüente executado mundialmente.
A mortalidade para este procedimento chega 0% e a taxa de complicação global é menos que 3%. Embora seja um procedimento relativamente seguro, as alterações hormonais (hipo ou hipertireoidismo) e a lesão dos nervos laríngeos e o hipoparatireoidismo são as complicações mais comuns após cirurgia.
São registradas cerca de 50 mil cirurgias de retirada de tireóide por ano no Brasil com ou sem a identificação do câncer. Deste total, 30% são casos de câncer, outros 30% são lesões benignas graves e o restante são casos com suspeita de câncer. Mais freqüente em mulheres, o câncer de tireóide acomete em São Paulo, segundo dados da Fundação Oncocentro, 14 entre 100 mil mulheres e dois a cada 100 mil homens.
Além das complicações hormonais, hipoparatireoidismo e da lesão dos nervos laríngeo recorrente ou do ramo externo do nervo laríngeo superior, observa-se que alguns pacientes podem apresentar dor, infecções, hemorragias, alteração da mucosa laríngea, hematoma compressivo, hipocalcemia, distúrbio no esqueleto extralaríngeo ou disfunção temporária da musculatura.
Efeitos colaterais podem durar a vida toda, dentre eles a disfagia (dificuldade em deglutir alimentos) e disfonia (alteração na qualidade vocal), que são bastante comuns, porém pouco diagnosticado e abordado com os pacientes. Outros efeitos também frequentes são fadiga vocal, rouquidão, dificuldade de falar alto, garganta seca, pigarro e engasgo.
Existe um intima relação entre a cirurgia de tireóide e alteração vocal e de deglutição, devido à localização anatômica dos nervos laríngeos que são responsáveis pela mobilidade das pregas vocais. A manipulação ou lesão dos nos nervos laríngeos durante a cirurgia que levam a pareseia ou paralisia da prega vocal. Nestes casos a terapia fonoaudiológica é fundamental para melhora dos parâmetros vocais e dos sintomas de deglutição.
Muitos estudos apontam que as alterações vocais e de deglutição também são comuns nos pacientes com função preservada dos nervos laríngeos após tireoidectomia. Acredita-se que muitas dessas alterações estejam relacionadas à fixação laringo-traqueal ou à retração cicatricial, as quais prejudicam a movimentação vertical do esqueleto hio-laríngeo.
Pacientes com doença de tireóide podem desenvolver disfagia como resultado da compressão direta dos órgãos envolvidos na deglutição pelo aumento de massa da glândula tireóidea, invasão ou envolvimento do nervo pelo carcinoma de tireóide, e no pós-operatório decorrente da terapia de radiação.
A atuação do fonoaudiólogo é imprescindível para os pacientes com paralisia de prega vocal, tendo em vista que a fonoterapia acelera a reabilitação vocal, possibilita um melhor controle do equilíbrio entre os sistemas respiratório e fonatório, podendo prevenir a presença de compensações indesejáveis auxiliando na adequação das funções biológicas vitais.
Neyller Patriota C. Montoni
Fonoaudióloga do Hospital do Câncer A.C Camargo
Especialista em Voz pela UFPE
Especialista em Disfagia e em Motricidade Orofacial em Oncologia pelo Hospital A.C.Camargo
Doutoranda na área de oncologia pela FAP
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