Metástases ósseas e atuação do fisioterapeuta

A metástase óssea é uma condição devastadora que pode ter um impacto negativo nas vidas das pacientes com doença avançada de diversas maneiras. Podem surgir grandes limitações nas atividades com consequente diminuição da qualidade de vida. O esqueleto é o local mais comum a ser afetado pelo câncer metastático e o local no qual a doença produz a maiores comprometimentos.

A incidência de câncer ósseo metastático está a aumentando com o aumento da expectativa de vida a partir do diagnóstico e tratamento de doenças malignas. O número anual de casos está previsto para dobrar nos próximos 50 anos. O câncer de mama é ainda a metástase do câncer primário mais comum para osso (56%), seguido por renal (11%), mieloma (9,5%), brônquio (8,5%) e próstata (3,6%). Um terço de todas as lesões metastáticas ósseas ocorrerem no fémur. A doença óssea metastática é responsável por mais de 99% dos tumores malignos que acometem o osso.

As metástases de ossos longos podem ter indicação cirúrgica como primeira opção de tratamento. O cirurgião pode intervir de uma maneira preventiva, impedindo que uma fratura ocorra, pode ser usada para reparar falhas ósseas, aliviar a dor e melhorar a função do membro doente aumentando consequentemente a qualidade de vida da paciente. O objetivo funcional primário da intervenção cirúrgica é permitir o suporte de peso imediato para independência funcional máxima dos pacientes.  As cirurgias profiláticas realizadas em ossos com grandes falhas mas ainda sem evidência de fraturas apresentam melhores resultados do que as cirurgias realizadas em fraturas já estabelecidas. É conseguido com essa estratégia menor tempo de internação e menores taxas de complicações pós operatórias, bem como um processo de reabilitação com menores intercorrências.

O atendimento do indivíduo com metástase óssea envolve toda a equipe multidisciplinar, o papel do fisioterapeuta é avaliar a capacidade funcional, a força e a resistência muscular, a sensibilidade e a dor.  A avaliação inclui conhecer o ambiente em que esta pacienta vive para melhor adaptá-lo e torna-lo mais seguro, principalmente para se evitar quedas e consequentes fraturas. As intervenções buscam melhorar a condição física geral, aliviar a dor ou outros sintomas provenientes da doença óssea e dar mais independência e qualidade de vida.

              Os exercícios devem ser prescritos levando-se em conta o risco de fraturas. Quanto mais precocemente iniciados, melhores são os benefícios para as pacientes. Quando for necessária a restrição total ou parcial de carga nos membros inferiores o uso de muletas ou andadores é indicado.

No caso das lesões acometerem a coluna vertebral as órteses podem ser indicadas para reduzir a dor. As principais utilizadas são as cintas abdominais, coletes e colares cervicais. Eventualmente palmilhas e calçados adequados são utilizadas para se reduzir o impacto em membros inferiores e coluna vertebral.

O objetivo principal da fisioterapia em conjunto com os tratamentos médicos é o alívio da dor e melhora da qualidade de vida.

Dra Emília Cardoso Martinez

Fisioterapeuta

mestre em ciências da saúde pela faculdade de ciências médicas da Santa Casa de São Paulo

membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Fisioterapia Cnpq/ FCMSCSP,

pós-graduada em fisioterapia musculoesquelética pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

professora e supervisora de estágio do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas

fisioterapeuta responsável pela reabilitação oncológica do instituto Move em São Paulo.