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Os cuidados complementares buscam melhorar a qualidade de vida do paciente durante a quimioterapia
Uma das áreas mais fortes no de uso das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) atualmente é a Oncologia Integrativa. A evidência disso é que os dois dos mais importantes hospitais de oncologia nos Estados Unidos o MD Anderson Câncer Center e Sloam Memory Hospital resolveram abrir uma ala destinada a essa especialidade. O tema será abordado em um dos Painéis Globais, desta terça-feira (13), do 1º Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Complementares e Saúde Pública (INTERCONGREPICS), que acontece até 15 de março no Rio de Janeiro (RJ).
Recentemente, cinco hospitais que são referências para o tratamento do câncer no Brasil abriram também uma ala de medicina integrativa dentro da oncologia. São eles: o Albert Einstein, Oswaldo Cruz, Sírio Libanês, Instituto Nacional de Câncer (INCA) e o Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (ITACI) da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo o doutor Ricardo Ghelman, coordenador do programa de Pediatria Integrativa da Universidade de São Paulo (USP), as PICS na oncologia ainda é uma temática mais forte no cenário internacional do que nacional, principalmente, nos hospitais. “No país, as práticas integrativas estão concentradas 78% na atenção básica e apenas 4% na atenção hospitalar. Ainda é uma área em desenvolvimento no Brasil”, afirma o médico.
A oncologia avançou no mundo melhorando a sobrevida do paciente, ou seja, conseguindo com que sobreviva à doença, não apenas com a quimioterapia mas também transplante e outras técnicas. O que não melhorou foi a qualidade de vida durante o tratamento e as sequelas. O paciente oncológico sofre muito com o tratamento alopático. É nessa lacuna que as PICS podem contribuir.
Ghelman conta que um estudo realizado na Inglaterra mostrou que o período de internação de crianças com câncer em quartos com vista para árvores é menor quando comparado ao tempo em que ficam reclusas em cômodos só com paredes brancas. “As PICS impactam tanto no bem estar do paciente quanto nos custos hospitalares. A partir do resultado dessa pesquisa, está em andamento no ITACI o uso da ‘Terapia de Apreciação da Natureza’. O projeto mudou a política do hospital beneficiando os internos e a equipe de saúde, que se voluntariam para as atividades”, conta.
O médico ressalta que quando se pensa no desenvolvimento de uma abordagem integrativa, o foco é como pode auxiliar na diminuição dos efeitos colaterais do tratamento biomédico. “A palavra mais importante da sigla PICS é integrativa, pois preconiza um tratamento em conjunto e não alternativo como erroneamente as pessoas pensam”, explica dr. Ricardo Ghelman.
Indicações complementares ao tratamento
Meditação, Yoga, Musicoterapia, Terapias externas (aplicação de óleo, compressas para dor), Antroposofia, fitoterápicos, como Viscum album, que é usado por 27% dos pacientes oncológicos na Alemanha, são as práticas integrativas mais indicadas. Sabe-se que o Viscum, medicamento natural, aumenta a tolerância do corpo ao quimioterápico, evitando que haja uma queda comum de leucócitos no nono dia da quimioterapia. Desta forma o paciente consegue terminar o ciclo sem falha. Além disso, esse fitoterápico é usado para reduzir tumores.
Na oncologia pediátrica, segundo Ghelman, uma das melhores experiências é do Charité, em Berlim. De acordo com o hospital alemão, a melhor forma de transformar um hospital convencional em integrativo é treinando a equipe de enfermagem com técnicas diferenciadas de cuidado aos pacientes oncológicos. O ITACI fez um convênio com o Charité para um projeto de treinamento e capacitação dos enfermeiros para os próximos três anos. “Esse ano será de testes para vermos como os cuidados integrativos refletem na diminuição da dor, náusea e resposta do paciente ao tratamento quimioterápico”, explica Ricardo Ghelman.
Resultados
O sistema imunológico das crianças respondem rápido aos estímulos das práticas integrativas. Por causa do estresse diário, os adultos demoram a responder à tratamentos como a meditação, por exemplo, que é necessário relaxamento. Já os idosos reagem melhor à atividades que tragam alegria. “Existe uma tendência a depressão com o avanço da idade, por isso práticas como Musicoterapia e Arteterapia são muito eficazes para o tratamento desses pacientes. Os idosos experienciam os efeitos colaterais dos remédios mais do que em outra fase da vida por causa do número de medicamentos e da interação entre eles. Por isso, todas as práticas que ajudem a diminuir as reações e a dor têm adesão do paciente”, conta Ghelman.
Fonte: Ministério da Saúde
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