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Chimarrão e Câncer: existe relação?

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O uso de mate, ou chimarrão, como também é conhecida esta bebida, uma infusão quente, feita com folhas secas e picadas de Ilex paraguayensis, tem sido implicada como possível causa de câncer esofágico na América do Sul, onde elevadas taxas de incidência são observadas numa área que inclui o sul do Brasil, Uruguai e nordeste da Argentina. O mate é bebido através de um tubo metálico (bomba) que traz o líquido quente diretamente à parte posterior da língua e orofaringe, de onde é prontamente deglutido. Este hábito é comum em áreas com maior incidência de câncer esofágico e não é comum nas outras áreas com menor incidência.

O câncer de esôfago é a sexta causa de morte por doença no mundo. Se forem considerados somente os países em desenvolvimento, este tipo de câncer aparece como a quarta causa de óbito. O Rio Grande do Sul, onde muitas pessoas mantêm o hábito de tomar chimarrão, é o estado com os maiores índices de câncer de esôfago no Brasil. As estimativas para 2010 apontam mais de mil casos novos entre os gaúchos.

Há dois possíveis mecanismos pelos quais o mate pode elevar o risco para câncer de esôfago. O extrato da planta pode conter substâncias carcinogênicas (promotoras do câncer), entretanto até agora não há comprovação da ação carcinogênica dos extratos de Ilex paraguayensis. A outra possibilidade é que a injúria térmica potencializa a ação de outros carcinógenos ingeridos. Concomitantemente, experimentos com animais sugerem que a água com temperatura superior a 60 oC pode potencializar o efeito de substâncias cancerígenas em contato com o esôfago. Desta forma, suspeita-se que o mate não contenha agentes carcinógenos específicos, mas que a alta temperatura em que é bebido possa potencializar o surgimento do câncer, especialmente quando associada ao álcool e ao tabaco, conhecidos fatores de risco para o câncer de cavidade oral e esôfago.

Uma recente revisão de todas as pesquisas publicadas na literatura médica até 2009 mostrou que vários estudos epidemiológicos detectaram uma associação entre a temperatura do chimarrão com os cânceres de laringe, boca e principalmente com o câncer de esôfago. O risco aumentaria de acordo com a duração, quantidade diária e temperatura da bebida. Ainda é controverso o papel de potenciais substâncias da erva-mate com o câncer de esôfago. Agentes causadores de câncer como o benzopireno, que originalmente não estão presentes nas folhas de erva-mate, poderiam ser eventualmente introduzidos durante o seu processamento industrial. A impressão final é de que mais pesquisas ainda são necessárias antes de chegarmos a uma conclusão definitiva sobre o consumo de chimarrão e o risco de câncer.

Por Rodrigo Ughini Villarroel, Oncologista, CITO – Centro Integrado de Terapia Onco-Hematológica.

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