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1 a cada 5 fumantes não sabe que vício dá câncer de pulmão, diz OMS

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31/05/2019

 

Um em cada cinco fumantes no mundo não sabe que o hábito pode causar câncer de pulmão, um fato determinante para que a Organização Mundial da Saúde (OMS) criasse o Dia Mundial Sem Tabaco em 1987, que será celebrado na sexta-feira (31), para lembrar dos riscos que fumar representa para a saúde humana.

Para este ano, a OMS escolheu como lema a frase "Não deixe que o tabaco tire sua respiração". Segundo o diretor do Departamento de Prevenção de Doenças Não Infecciosas da OMS, Vinayak Prasad, cerca de 3,3 milhões dos 8 milhões de mortos anualmente por conta do tabagismo são vítimas de problemas ligados ao sistema pulmonar.

"Além do desconhecimento dos riscos de câncer de pulmão, nos países em desenvolvimento 50% das pessoas não associam fumar aos infartos", advertiu Kerstin Schotte, especialista do mesmo setor.

"Quase 20% (da população adulta) do mundo fuma, e aqueles que deixam de fazer isso, podem ver em apenas duas semanas os efeitos benéficos para os pulmões, que podem recuperar o funcionamento normal", acrescentou Prasad.

A especialista explicou que, em 2017, 1,5 milhão de fumantes ou pessoas expostas à fumaça do tabaco morreram de doenças respiratórias crônicas, 1,2 milhão por câncer traqueal, bronquial ou pulmonar. Além disso, 600 mil foram vítimas de tuberculose e infecções do sistema respiratório.

Além disso, 60 mil menores de cinco anos morrem de infecções das vias respiratórias causadas pela fumaça alheia e os que chegam à idade adulta, têm mais probabilidades de sofrer mais adiante com doenças pulmonares obstrutivas crônicas.

Neste ano, a OMS renova o pedido para que os países reforcem a luta contra o tabagismo mediante a aplicação plena do convênio adotado em 2003 para seu controle. Além disso, pede que as nações tomem medidas, como o aumento dos impostos ao tabaco, que demonstrou ser uma boa via para reduzir a demanda.

Prasad afirmou que cerca de 80% dos 1,1 bilhão de fumantes no mundo vivem em países de renda média ou baixa, onde o impacto do tabaco na saúde pública é maior.

"A indústria tabagista tenta chegar agora lá, sabem que o hábito de fumar é uma causa perdida nos países desenvolvidos, portanto apontam para países com baixas e médias rendas, com o foco especialmente nas mulheres e crianças", afirmou Schotte.

A médica também ressaltou que foi possível reduzir o número relativo de fumantes no mundo - de 27% em 2000 para 20% em 2016 - mas esclareceu que devido ao aumento da população global, o número absoluto de consumidores de tabaco se mantém similar ao de 20 anos atrás, superando 1 bilhão.

A OMS fixou como meta reduzir a porcentagem do uso do tabaco em 25% para 2025 embora, segundo o especialista, "não estamos no bom caminho para cumpri-la", já que apesar de ter reduzido a prevalência em países desenvolvidos, esta se estagnou ou inclusive subiu em países pobres.

Cigarro eletrônico ou hipnose? Saiba o que ajuda a parar de fumar:

Cerca de 10% dos brasileiros fumam, segundo o Ministério da Saúde. Isso significa que há em torno de 20 milhões de fumantes no país. Esse número vem diminuindo, tendo caído 36% nos últimos 11 anos. O governo atribui essa queda à restrição de áreas para fumantes e o aumento do preço do produto 

É possível parar de fumar por contra própria, mas profissionais como pneumologistas e psicólogos podem ajudar nesse processo. É importante lembrar que a automedicação é contraindicada. O tratamento é individualizado e será elaborado com base no histórico do fumante. Confira os métodos utilizados nesse processo

Adesivo de nicotina: libera nicotina de forma contínua no organismo, fazendo reposição da substância enquanto a pessoa larga o cigarro. Por esse motivo, não deve ser usado enquanto o paciente ainda consome o tabaco, para que não haja excessos de nicotina no corpo. Deve ser usado com acompanhamento médico

Reposição de nicotina: é feita por meio de chicletes, pastilhas e spray nasal com nicotina. Trata-se de uma opção ao adesivo de nicotina. A diferença é que, enquanto o adesivo libera a substância durante 24 horas, esses métodos podem ser utilizados de forma esporádica e até mesmo quando o paciente não tem mais a necessidade contínua da nicotina. Deve ser usado com acompanhamento médico

Medicamentos: os remédios utilizados no tratamento para parar de fumar são de duas classes. A buopropiona é um anti-depressivo que ajuda a diminuir a compulsão. Já a vareniclina é um medicamento próprio para o tratamento de tabagismo. Age no cérebro, diminuindo a vontade de fumar e os efeitos da abstinência. O uso desse remédio depende da estipulação de uma data para que o paciente pare de fumar. Ambos só podem ser utilizados com acompanhamento médico

Cigarro eletrônico: a produção e comercialização desse produto não é legalizada no Brasil, mas o uso de cigarro eletrônico não é proibido. Seu consumo é controverso. Para algumas pessoas, pode ser uma ponte para farar de fumar, mas outras podem exagerar no consumo da versão eletrônica e acabar fumando mais. O pneumologista ressalta que a procedência do cigarro eletrônico disponível no Brasil é duvidosa, podendo conter, além da nicotina, substâncias desconhecidas dentro do refil líquido, o que pode prejudicar tanto ou mais que o cigarro convencional

Abandonar hábitos associados ao cigarro: se você fuma na balada ou ao tomar café ou depois de almoçar, é recomendável que mude os hábitos pelo menos nas primeiras semanas em que largou o cigarro até que consiga ter controle emocional para resistir à tentação. É aconselhável também que reorganize o ambiente, jogando fora objetos associados ao fumo, como cinzeiros. O pneumologista conta que teve paciente que até trocou de carro enquanto fazia o tratamento, por conta do cheiro de cigarro que ficou impregnado

Parada gradual: esse método consiste na retirada de unidades diárias de cigarro e de o paciente resistir a fumar outro cigarro ou comprar outro maço. O pneumologista afirma que este é um método que raramente tem eficácia, pois depende de muito autocontrole do paciente

Parada brusca: geralmente, são associadas a algum acontecimento, como descobertas de algum problema de saúde ou perda de entes queridos. Esse método pode ocorrer de forma repentina e com interrupção definitiva do hábito. O especialista afirma que é uma forma bastante eficaz e depende da motivação 

Terapia em grupo ou individual: o pneumologista afirma que o apoio emocional é essencial no tratamento de pessoas que querem parar de fumar para que se mantenham motivadas. O mais comum é que pacientes procurem a terapia individual. Já aqueles que são mais abertos para falar de suas experiências, também contam com terapia em grupo, como o grupo gratuito Nicotina Anônimos e no Facebook deles. 

Terapias alternativas: técnicas como meditação, hipnose, acupuntura e atividades físicas regulares são métodos eficazes para parar de fumar, segundo o pneumologista. As primeiras três técnicas ajudam a adquirir autocontrole necessário para resistir ao cigarro. Já a atividade física libera substâncias, como a endorfina, que trazem a sensação de prazer, concorrendo diretamente com a sensação da nicotina

Substituição por alimentos: alimentos ou água gelada ajudam a controlar a vontade de consumir o cigarro. Esse método auxilia a desviar o foco do cérebro, que "esquece" a necessidade da nicotina. No caso da água gelada, por exemplo, o cérebro vai se concentrar nessa sensação, segundo o pneumologista. É aconselhável escolher a água ou alimentos saudáveis para fazer essa substituição para evitar problemas como obesidade e diabetes por meio do consumo exagerado de gordura e açúcar

Vida após cigarro: logo no primeiro dia sem cigarro, já há benefícios ao organismo, como a diminuição dos batimentos e da pressão cardíaca. Já nos primeiros momentos sem a nicotina, há melhora do olfato, do paladar e da textura da pele. A médio prazo, há uma melhora na capacidade pulmonar e diminuição de riscos para doenças cardiovasculares. A longo prazo, diminuem as chances do aparecimento de câncer e do desenvolvimento da bronquite

Fonte: R7

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