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26/04/12
Preocupação, inquietude e nervosismo podem acelerar o desenvolvimento do câncer. É o que sugere estudo realizado com ratos conduzido por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Resultados mostram que cobaias propensas à ansiedade desenvolveram mais tumores e cânceres mais invasivos do que os ratos mais calmos.
Embora outros pesquisadores já tenham estabelecido a ligação entre o estresse crônico e o risco aumentado para câncer e outras doenças, o presente estudo é o primeiro a conectar biologicamente o traço de personalidade caracterizado pela ansiedade a maior propensão ao câncer.
"A ansiedade pode ser definida como aumento da sensibilidade à realidade física existente, ou inexistente, mas percebida ou antecipada, estressores", conclui o líder do estudo Firdaus Dhabhar.
O trabalho anterior de Dhabhar investigou o equilíbrio do estresse bom e ruim. "Os estressores de curta duração - como ser perseguido por um leão, ou fazer uma apresentação para o chefe - pode impulsionar o sistema imune, preparando o corpo para a batalha. No entanto, o estresse constante - como cuidar de um ente querido deficiente - rompe a capacidade do organismo para lutar contra doenças ao longo do tempo", explica o pesquisador.
A questão que se coloca é: quando o estresse é exagerado? Pois as respostas ao estresse variam entre os indivíduos. Por isso Dhabhar buscou compreender a ligação entre a base de nível de ansiedade e o estresse real.
No caso dos ratos, o estresse vem de um equilíbrio entre a exploração para encontrar comida e companheiros, e se proteger do perigo. Dhabhar lançou a hipótese de que ratos ansiosos iriam cometer equívocos no que diz respeito a evitar o perigo. Ele e sua equipe então colocaram camundongos sem pêlos em uma armadilha elevada em forma de cruz, com uma passagem cercada por muros e outra aberta. Em seguida, eles mediram quantas vezes cada rato se aventurou até os braços sem proteção. Da mesma forma, ele colocou as cobaias em uma caixa grande, metade iluminada e metade escura, e observou aqueles que passariam maior tempo na parte escura.
"A situação é similar a ideia de que se alguém é muito ansioso, provavelmente será mais preocupado, e menos propenso a andar por um beco escuro", diz Dhabar.
Com a avaliação de ansiedade completa, os pesquisadores expuseram todos os camundongos sem pêlo aos raios UV por 10 minutos - exposição semelhante à dos seres humanos que passam muito tempo ao sol. Os tumores surgiram poucos meses depois.
"Este modelo de câncer de pele é realmente valioso, pois imita o câncer de pele humano", diz Dhabhar. "Além disso, estes tipos de tumores são vulneráveis; a ataques do sistema imunológico. Em alguns casos, o sistema imune é capaz de destruí-los", completa.
Apesar de todos os camundongos terem desenvolvido câncer de pele, os ratos mais ansiosos foram os únicos a desenvolver formas invasivas de câncer.
Quando os pesquisadores compraram as respostas imunes dos ratos de baixa e de alta ansiedade, eles descobriram que os ratos nervosos tinham níveis mais elevados de imuno-supressão de células chamadas células T reguladoras. esses animais também passaram a produzir menos sinais químicos que disparam um ataque imunológico contra os tumores.
Por último, os pesquisadores analisaram o hormônio corticosterona. Em camundongos e outros animais, o sistema adrenal - o controlador de luta ou fuga do corpo - segrega corticosterona em resposta a doenças e ao estresse. Os níveis deste hormônio foram duplicados em camundongos ansiosos.
"Este estudo mostra que a ansiedade e o estresse podem acelerar a progressão do câncer, perpetuando assim um ciclo vicioso. O objetivo - da pesquisa - é melhorar ou eliminar os efeitos da ansiedade e do estresse crônico, pelo menos, no momento do diagnóstico e durante o tratamento", conclui Dhabhar.
Fonte: UNIVERSIDADE DE STANFORD
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