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Autoexame dos seios ganha novo fôlego após pesquisa sobre mamografia

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24/02/14

Os cientistas deram notícias desanimadoras sobre a mamografia na semana passada. Após acompanharem 90 mil mulheres durante 25 anos, pesquisadores canadenses constataram que quem passou por mamografias regulares não experimentou menos mortes por câncer no seio ou de todas as causas, na comparação com quem não as realizou.

Porém, apesar da notícia, ainda restava um fio de esperança. As mulheres que não fizeram mamografias regulares foram monitoradas com exames físicos dos seios que se mostraram eficazes.

Todas as participantes foram ensinadas a examinar os próprios seios uma vez por mês, e enfermeiras que receberam treinamento especial examinaram mulheres acima dos 50 anos.

Segundo os pesquisadores, essa abordagem de baixa tecnologia foi tão boa ou melhor do que mamografias regulares para localizar cânceres graves que precisavam de tratamento.

Os autores do estudo estão hesitantes em tirar qualquer conclusão sólida porque não haviam se programado a estudar os exames manuais dos seios em si. Contudo, conforme os dados chegavam, "eu comecei a sentir que o experimento demonstrava que o exame clínico do seio era eficiente e poderia substituir a mamografia, caso fosse bem realizado e acompanhado pelo ensino do autoexame da mama", afirmou Anthony B. Miller, da Universidade de Toronto, principal autor do estudo.

Trata-se de uma mensagem bem diferente do que as mulheres vêm ouvindo.

"Antes de esse relatório sair, eu teria dito que o melhor papel para o exame clínico dos seios é para lugares com acesso restrito à mamografia porque é uma maneira confiável de detectar cânceres no começo, mas não tão sensível quanto a mamografia", afirmou Mary Barton, vice-presidente do Comitê Nacional de Garantia de Qualidade, organização particular norte-americana sem fins lucrativos do setor de saúde, que estudou o desempenho dos exames clínicos dos seios.

De acordo com ela, agora "a questão é: a mamografia é sensível demais?".

No estudo canadense de mulheres entre 40 e 59 anos, a mamografia identificou mais cânceres, mas o sobrediagnóstico levou a tratamentos desnecessários como a quimioterapia.

Autoexame perdeu espaço

Organizações médicas como o Congresso Americano de Obstetrícia e Ginecologia recomendam exames clínicos regulares dos seios, realizados por médicos ou enfermeiros treinados, para mulheres a partir dos 20 anos. Porém, o autoexame vem perdendo espaço. A Sociedade Americana do Câncer oferece instruções e sugere que as mulheres perguntem aos médicos a seu respeito, mas a força-tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos deu, em 2009, a nota "D" para o autoexame, afirmando ser perda de tempo ensinar as mulheres a executá-lo.

Dados que apoiem o autoexame são "bastante nebulosos", afirmou a médica Elizabeth Steiner, diretora do programa de Educação da Saúde dos Seios do Instituto Knight de Câncer, da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon. Ainda assim, ela acredita existirem bons motivos para incentivar as mulheres a fazer o autoexame.

"Quem vai conhecer melhor seus seios: seu médico, que a examina uma vez por ano, ou você, que o faz todo mês?", indagou ela.

Não há muitos estudos em relação a exames clínicos dos seios, mas Steiner acredita que "mais profissionais de saúde necessitam ser treinados a realizar exames clínicos dos seios de alta qualidade".

Dado o debate sobre mamografia, seria de se pensar que os cientistas examinariam mais de perto as alternativas. Contudo, um estudo clínico aleatório comparando o exame clínico dos seios à falta de cuidado é improvável, afirma Cornelia J. Baines, uma das autoras do estudo canadense de mamografia.

"Todo mundo procura uma solução tecnológica, não o que os dedos podem fazer", ela argumentou.

Procure um profissional

Se você estiver interessada no exame clínico dos seios, encontre um profissional que tenha recebido treinamento no método das faixas verticais com três áreas de pressão, a qual consiste em mover os dedos para cima e para baixo ao longo da área do peito, não em movimentos circulares ao redor do seio, apalpando suavemente, depois com mais vigor e, por fim, profundamente em cada ponto.

Executado adequadamente, demora menos de três minutos em cada seio. Um estudo constatou que os exames eram mais confiáveis quando realizados durante uma consulta que incluísse outras tarefas que exijam perícia, como o exame de papanicolau.

O clínico deve examinar toda a área do peito, não apenas os seios – toda a região até o pescoço ou a clavícula, a axila, o centro do peito e a parte debaixo do seio até a caixa torácica.

O exame também deve incluir a inspeção visual dos seios enquanto a paciente é convidada a ficar em posições diferentes, o que pode deixar algumas pacientes – e médicos – desconfortáveis.

Instruções detalhadas para o autoexame estão disponíveis em muitos sites sobre câncer de mama. Também é aconselhável pedir orientação a um profissional de saúde.

O período ideal para o autoexame é logo após a menstruação. Comece ficando em pé diante de um espelho e examine os seios em busca de assimetrias ou cavidades incomuns, mudanças ou secreções no mamilo, vermelhidão ou erupção de pele.

Para examinar o seio, deite-se de costas e levante um braço acima da cabeça. Use a outra mão para examinar o seio abaixo do braço levantado; utilize a polpa dos dedos, não as pontas. Empregue três níveis de pressão: suave, média e firme para sentir perto das costelas.

O exame físico do seio pode não detectar tumores ou levar ao sobrediagnóstico e ao tratamento de caroços que se revelam inofensivos.

Entretanto, diz Steiner, os "exames clínicos de alta qualidade dos seios têm menor probabilidade de resultar em falso positivo e pode, em mãos habilidosas, ter menor chance de dar um falso negativo".

Fonte: Uol

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