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23/09/2018
Até o final deste ano, 18 milhões de pessoas ao redor do mundo terão algum tipo de câncer. Dos diagnosticados com a doença, mais da metade (9,8 milhões) não conseguirá sobreviver. Isso é o que estima um relatório da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC), da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado na última quarta-feira (12).
Chamado de Globocan, o informativo detalha minuciosamente a ocorrência e a taxa de mortalidade para as inúmeras variações da doença. Publicado periodicamente, o relatório é construído com base em números individuais de cada país. Em sua edição anterior, em 2012, a estimativa era a de que haveria 14 milhões de novos casos ao longo de 2018, índice 28% menor do que o revelado no atual levantamento. Ou seja, a edição de 2012 subestimou a expansão da doença.
Paulo Hoff, diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), explica que o aumento no número de casos envolve fatores sociais e econômicos. “O envelhecimento populacional influencia. Mas hoje vemos aumento no câncer em jovens. A poluição excessiva, a industrialização e a alimentação não saudável contribuem”, afirma.
Para a gerente da Divisão de Pesquisa Populacional do INCA (Instituto Nacional do Câncer), Liz Almeida, a alta nos diagnósticos não é uma novidade, mas, de acordo com a especialista, há números no relatório que merecem ser comemorados. “A queda nos casos de câncer no pulmão e do colo de útero mostram que estratégias preventivas são eficazes”, explica.
No Brasil, a previsão é que neste ano exames identifiquem 559 mil incidências da patologia, que deve fazer mais de 240 mil vítimas. Segundo os números, em 2020 a taxa subirá para 594 mil e em 2040 será de 980 mil.
Segundo Hoff, há atualmente 1.200 produtos diferentes sendo testados no mundo para tratar o câncer. “O Brasil ainda tem uma participação tímida em desenvolvimento de pesquisas sobre a doença, mas o cenário está melhorando”, diz.
A complexidade no tratamento para as mais de 100 variáveis do câncer resulta em intensas pesquisas científicas para encontrar a cura para essas doenças. Desde o século XIX, com o pioneirismo da cientista Marie Currie (1867-1934) em suas descobertas sobre radioatividade, até os dias de hoje, com o desenvolvimento de tecnologias de ponta para combater sua mortalidade.
E o investimento não é pouco: nos EUA, por exemplo, o Instituto Nacional do Câncer já colocou US$ 90 bilhões durante os 40 anos de pesquisas na área. No Canadá, desde 2005, os membros do centro de pesquisas investiram R$ 250 milhões.
Na lista abaixo, EXAME reuniu quatro pesquisas inovadoras e consagradas mundialmente por seus avanços para curar o câncer:
As pesquisas sobre tratamento à base de receptores de antígeno quimérico, células conhecidas pela sigla em inglês CAR T. foram nomeadas pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, em inglês) como o maior avanço do ano passado em tratamento do câncer.
A terapia, em resumo, utiliza os glóbulos brancos do próprio paciente para combater a patologia. As células são previamente modificadas em laboratório para que desenvolvam um receptor que identifica e destrói o câncer.
Em 2017, a Food and Drug Administration (FDA), agência de saúde do governo americano, aprovou duas terapias com células CAR T para tratar crianças e adultos com leucemia. Os pesquisadores também estão experimentando essa abordagem em outros tipos de câncer com resultados promissores, especialmente no mieloma múltiplo (doença agressiva que atinge a medula óssea).
Com sintomas difíceis de detectar e com opções limitadas de tratamento, o câncer pancreático é um dos mais mortais. Sua taxa de sobrevivência é de 9%.
Para dar esperança aos pacientes com esse tipo de doença, pesquisadores da Terry Fox Research Institute, no Canadá, desenvolveram um novo tipo de quimioterapia que ajuda a evitar que a doença volte a aparecer depois que o tumor é removido cirurgicamente.
O estudo descobriu que, após a cirurgia, pessoas com o tipo mais comum de câncer de pâncreas, o adenocarcinoma ductal pancreático não metastático (PDAC), que receberam o novo tratamento quimioterápico viveram mais do que aquelas que foram submetidas à quimioterapia padrão atual.
Apesar do avanço, ainda é preciso desenvolver técnicas para lidar com os efeitos colaterais, que envolvem diarreia, náuseas, vômito e fadiga.
Antes aplicada em apenas 25% dos casos de câncer pulmonar, a imunoterapia pode ser estendida para mais pacientes com a mesma doença. Os resultados foram apresentados no encontro anual deste ano da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, em inglês).
De acordo com o estudo, provavelmente será possível estender os benefícios da imunoterapia a pelo menos 75% dos pacientes com metástases do câncer de pulmão.
A imunoterapia é considerada o tratamento do futuro para o câncer por ser eficaz e livre de efeitos colaterais associados a outros procedimentos. Ela consiste na aplicação de drogas que estimulam o sistema imunológico do paciente a atacar o tumor. Sua principal desvantagem é o custo elevado, já que cada aplicação dessas drogas custa entre 15 e 20 mil reais; e várias sessões são necessárias para eliminar a doença.
A pesquisa foi desenvolvida no Sylvester Comprehensive Cancer Center, da Universidade de Miami, nos Estados Unidos.
Sete em cada 10 mulheres com câncer de mama do tipo mais comum podem ser poupadas de passar pela quimioterapia após terem sido submetidas a cirurgia, de acordo com um novo estudo chamado TailorX.
Desenvolvida com cientistas canadenses e americanos, a proposta é que, por meio de um teste genético, se consiga identificar as pacientes de menor risco que não precisam do tratamento quimioterápico.
Os pesquisadores acompanharam as pacientes por sete anos e meio e observaram que as mulheres sem a quimioterapia não tiveram um resultado pior do que as outras que fizeram esse tratamento. É uma ótima notícia, já que a quimioterapia geralmente tem efeitos colaterais penosos para o paciente.
Fonte: Exame
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