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01/02/2019
De acordo com dados recentes do INCA, o Brasil terá cerca de 600 mil novos casos de câncer por ano em 2018 e 2019. O tumor na mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres, o principal fator de risco é a idade, mas obesidade, histórico familiar e gravidez tardia também aparecem como outros catalisadores da doença. Além da cirurgia, a quimioterapia muitas vezes é necessária para complementar o tratamento. Porém, muitas vezes, dependendo do tipo de droga utilizada, pode afetar a fertilidade.
Por isso, hoje em dia, a Sociedade Americana de medicina reprodutivo, bem como a Sociedade Americana de Oncologia Clínica recomendam como a melhor opção para quem quer ter filhos o congelamento de óvulos. "As terapias para cura do câncer muitas vezes acabam afetando a reserva de óvulos, o que pode impossibilitar a gravidez da mulher de forma espontânea. Com o advento do congelamento de óvulos (no caso de mulheres), espermatozoides (no caso de homens) ou o congelamento dos embriões é possível se submeter ao tratamento e após as sessões de quimioterapia tentar a gravidez", ressalta a especialista em reprodução Humana da clínica Fertipraxis, Dra. Maria do Carmo Borges.
Para o Dr. Marcelo Marinho, também especialista em Reprodução Humana da Fertipraxis, apesar do congelamento de embriões ainda ser apontado como a melhor maneira de atingir o resultado esperado nos ciclos de reprodução assistida pelas sociedades médicas, os resultados de gravidez a partir de óvulos congelados já são equivalentes aqueles apresentados por embriões congelados. "A utilização de embriões descongelados em tentativas subsequentes ainda é o padrão-ouro para a preservação da fertilidade em casos de câncer de acordo com algumas sociedades médicas. Entretanto, as novas técnicas de congelamento e descongelamento de óvulos já apresentam resultados similares de aproveitamento e sucesso, de modo que atualmente já se fala inclusive em definir o congelamento de óvulos como o tratamento padrão para a preservação de fertilidade em mulheres."
Já o Dr. Roberto de Azevedo Antunes, diretor médico da clínica, é preciso considerar que o congelamento de óvulos evita a ocorrência de questões éticas importantes que surgem a partir do congelamento dos embriões, como por exemplo, a discussão sobre o destino de embriões caso um casal se separe, ou o que fazer com os embriões excedentes quando o casal consegue ter seu filho, entre outros. Em última análise, o congelamento de óvulos permite que uma mulher com câncer mantenha sua autonomia reprodutiva. "O congelamento de óvulos segue como tratamento muito bem fundamentado e como recomendação por parte das sociedades europeia e americana para pacientes com baixa reserva que não tenham pretensão de engravidar no curto prazo, diagnóstico de câncer ou risco de perder os ovários. O congelamento social também tem uma indicação bem fundamentada principalmente em pacientes entre 30-35anos sem perspectivas de ter filhos" - destaca o Médico, que também é Diretor da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro e Diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.
Entenda a diferença entre congelamento de óvulos e embriões
O embrião se forma quando o óvulo é fertilizado pelo espermatozoide. A técnica de congelamento consiste na utilização de substâncias químicas ( crioprotetores ) para proteger as células do frio e assim permitir que elas sejam conservadas congeladas. O embrião é formado por várias células, e caso algumas dessas células não sobreviva, ele consegue se corrigir e continuar seu desenvolvimento. A principal diferença é em relação ao descarte. Enquanto os óvulos podem ser descartados livremente, o descarte de embriões envolve questões legais e éticas. Para se ter embrião, é necessário ter óvulos e espermatozoides. Logo os embriões são de responsabilidade do casal. E qualquer atitude quanto a eles tem de ser autorizada por ambos. Já os óvulos são propriedade exclusiva da mulher e ela decide o que fazer com eles. Outra questão importante é que a legislação brasileira impede o descarte de embriões com menos de 03 anos de congelamento, ou seja, o casal tem que arcar com os custos de manutenção do congelamento, ou então, optar pela doação dos embriões que está prevista em lei.
Fonte: Terra
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