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Em caso raro, doador de órgãos transmite câncer para quatro receptores

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26/09/2018

 

Em um caso raro e inédito na medicina, um doador de órgãos transmitiu câncer para quatro receptores. Três deles, que receberam diferentes órgãos, morreram. O estudo de caso foi publicado no American Journal of Transplantation. 

A história começa em 2007, quando uma pessoa de 53 anos morreu vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Seus pulmões, fígado, rins e coração foram doados.

Entre 16 meses e seis anos após os transplantes, quatro receptores foram diagnosticados com câncer. Três dos quatro morreram após a propagação da doença, de acordo com o estudo de caso. O paciente restante sobreviveu após os cirurgiões removerem o rim que ele recebeu. Ele também passou por quimioterapia.

 

Os autores do estudo, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, e do VU University Medical Center (Amsterdã ), classificaram como o caso como "extraordinário" e dizem que o doador tinha câncer de mama que não foi detectado na hora da remoção dos órgãos. Porém, eles não especificam se era homem ou mulher. Ambos podem ter câncer de mama.

Uma mulher de 42 anos que recebeu os pulmões do doador foi hospitalizada depois que os órgãos pararam de funcionar corretamente. Os médicos então descobriram que ela tinha câncer de mama que se originou, primariamente, em seus pulmões, espalhou-se por seus ossos e depois atacou seu fígado.

Testes posteriores revelaram que as células do câncer de mama entraram em seu corpo por meio dos pulmões doados.

Os médicos alertaram o homem de 32 anos e a mulher de 62 anos, que receberam respectivamente os rins direito e esquerdo do doador, sobre o risco de câncer. Mas os testes disponíveis na época não detectaram sinais da doença.

O homem foi posteriormente diagnosticado com câncer em seu rim, que foi removido e, desde então, entrou em remissão. Mas a mulher só teve o tumor diagnosticado cinco anos depois. Morreu em dois meses.

Em outro caso, uma mulher de 59 anos que recebeu um fígado foi diagnosticada com câncer no órgão, mas se recusou a retirá-lo com medo de complicações. Mais tarde, ela morreu em razão de metástases.

Os autores acreditam que armazenar órgãos quentes sem um suprimento de sangue poderia ter ajudado as células tumorais a se espalharem. Os imunossupressores (medicamentos que evitam a rejeição dos órgãos) que os pacientes tomaram também podem ter permitido que a doença crescesse sem ser detectada.

O caso é considerado raro. Estima-se que a chance de se contrair câncer de um doador fique entre 0,01% e 0,005%. De qualquer maneira, serve de alerta para as equipes de transplante. As atuais triagens de doadores de órgãos envolvem basicamente testes sorológicos para descartar doenças como Aids, sífilis e hepatite C. No futuro, quem sabe, testes genéticos rápidos também podem vir a ser incorporados na rotina dos transplantes.

Fonte: Folha de S.Paulo

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