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15/08/2018
Que a atividade física é um diferencial para quem quer ter qualidade de vida, vários estudos científicos já comprovaram. Mais recentemente, os cientistas vêm ampliando as pesquisas para entender os benefícios que os esportes podem trazer para pessoas com diagnósticos de câncer, seja no caráter preventivo, para retardar esse diagnóstico, seja durante o processo de tratamento e reabilitação.
O pesquisador visitante do Programa de Carcinogênese Molecular do Instituto Nacional de Câncer (INCA), Fernando Frajacomo, que há anos estuda os benefícios da atividade física para pacientes em tratamento do câncer, afirma que o que já se sabia para doenças cardiovasculares, diabetes, síndromes metabólicas e doenças do sistema nervoso central, como é o caso do Alzheimer, agora já se pode afirmar também para prevenção do câncer. Segundo ele, 30 minutos diários de atividade física moderada – ou 15 minutos intensos – são suficientes para reduzir entre 10% e 20% de até sete tipos de câncer. Já indivíduos mais ativos, que chegam a 1h30 de atividades moderadas diárias, apresentavam risco reduzido de até 13 tipos de tumores, quando comparados a pessoas menos ativas.
Frajacomo também cita algumas pesquisas recentes realizadas com pacientes em tratamento que foram beneficiados pela prática da atividade física durante o processo, em especial nos casos de câncer de mama e cólon. Redução dos efeitos colaterais do tratamento (depressão, fadiga, náusea, melhoria da qualidade de sono) e melhor tolerância à terapia foram alguns desses benefícios. Um estudo de 2005 publicado na revista científica JAMA com quase 3 mil mulheres mostrou uma redução de 50% nas taxas de mortalidade e 47% na recidiva da doença para aquelas que mantiveram uma rotina mais ativa após o tratamento.
O bancário Rodrigo Cristiano Machado, 46 anos, de São Caetano do Sul (SP), esta semana participa do Transplant Games of America, nos Estados Unidos, uma espécie de seletiva pré-olímpica para os Jogos Mundiais dos Transplantados, competição para pessoas que passaram por algum tipo de transplante. Atleta desde criança, há seis anos (2012) ele recebeu o diagnóstico de leucemia e precisou passar por um transplante de medula óssea.
Assim que recebeu autorização médica, retomou as atividades para recuperar a massa muscular e a resistência perdidas durante o tratamento. Em 2015, quanto já tinha tomado gosto pelas corridas de rua e estava correndo maratonas, no entanto, um novo revés: as fortes dores que vinha sentindo na região abdominal revelaram um sarcoma granulocítico, um câncer raro no sangue, derivação da leucemia.
Mas ele não se deixou abater. “O esporte foi o protagonista no meu tratamento”, enfatiza. Para Machado, existem três pilares no tratamento do câncer: o acreditar, independentemente de crença ou ideologia; a alimentação, que segundo ele é fundamental num tratamento médico até para que o remédio possa fazer efeito e combater os efeitos colaterais dos medicamentos; e a atividade física, pois defende que ninguém pode ficar parado. “Em 2016, eu fiquei só com o acreditar, por um bom período. Por causa de uma cirurgia exploratória, durante mais de 15 eu precisei receber alimentação parenteral, só recebendo alimentos por sonda. Dos meus três pilares, dois foram embora. Não podia comer e nem fazer atividade física”, relembra ele, que, à medida que foi melhorando, começou a praticar exercícios no quarto do hospital mesmo, onde a família instalou uma bicicleta ergométrica.
Em fevereiro de 2017, o bancário participou pela primeira vez dos Jogos Mundiais dos Transplantados, ao lado de outros cinco brasileiros – ele era o único transplantado por medula óssea. Participou de cinco provas de natação, ganhou duas medalhas de ouro – entre elas, o recorde mundial da categoria entre os transplantados – e três de prata.
Para a professora Eliana Schilipak, 61 anos, o esporte foi uma forma ficar ativa e ajudou a manter estável a imunidade de seu organismo durante o tratamento do câncer de mama, que acabou há pouco tempo. Eliana faz hidroginástica há 24 anos, além de aulas de dança, funcional, abdominal e pratica corrida há seis anos.
Ela relata que passou bem ao longo do processo, apesar de alguns momentos difíceis, que são naturiais. “Não precisei ficar de repouso na cirurgia. Uma semana depois já estava fazendo algumas das minhas atividades e, 15 dias depois, estava fazendo tudo”, afirma Eliana, que foi incentivada pela médica a “não parar”. Quando não conseguia realizar todo o percurso da corrida, fazia o trajeto caminhando. “Mas praticamente todo domingo tinha corrida e eu estava lá andando e correndo, num tempo maior do que eu fazia, mas eu estava lá”, ressalta.
O oncologista Cícero Urbano explica que, muitas vezes, é comum o paciente reduzir a atividade física e ganhar peso durante o processo de tratamento, o que implica em aumentar a resistência à insulina e ampliar o risco de a doença voltar. “No caso do câncer de mama, por exemplo, o sedentarismo e o ganho de peso têm um impacto negativo”, comenta.
Urbano salienta que cada pessoa precisa avaliar com seu médico o tipo mais adequado de atividade, já que há limitações e há muitas situações em que os esportes de alto impacto podem causar desconfortos e até mesmo prejuízos posteriores. “Isso precisa ser individualizado”, afirma.
O oncologista lembra que entre as vantagens de se praticar atividade física está a redução dos refeitos colaterais dos bloqueadores hormonais. No processo cirúrgico, isso também é visível, afirma Urbano. “Para a gente que trabalha com cirurgia de reconstrução, é gritante a diferença de recuperação de uma paciente que faz atividade física para uma que estava sedentária”, enfatiza.
O movimento The Hardest Run foi lançado em novembro do ano passado, durante a Maratona Volcano, no Chile. Hoje, existem Hardest Runners em 11 países de cinco continentes.
Para fazer parte da equipe The Hardest Run basta se cadastrar no site e levar o Red Number onde puder. A pessoa recebe um número exclusivo e que será dela para sempre, para usar em provas de corrida que ela participar. Outras sugestões são:
• Contar para amigos e familiares sobre o projeto, convidá-los para fazer parte e incentivar a contribuir com a causa, cadastrando-se como doador de medula ou como doador de plaquetas e granulócitos para pacientes.
• Postar e compartilhar informações do projeto em suas redes sociais. Quando fizer postagens sobre corrida utilizar sempre a #thehardestrunners para reforçar que faz parte de uma equipe.
• Se cadastrar como doador de medula óssea, plaquetas e granulócitos.
• Ficar ligado nos canais do grupo, contribuir e/ou mobilizar pessoas quando chamados para entrar em ação.
• Participar dos eventos e corridas temáticas.
Fonte: Gazeta do Povo
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