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Gene ligado ao câncer pode ser resposta para curar doenças cardíacas

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16/04/2020

 

Pesquisadores da Universidade de Cambridge tiveram uma surpresa enquanto tentavam desligar um gene que permite que o câncer se espalhe. Ao tomarem os genes hiperativos e funcionais no coração de um rato, eles deram início à recuperação das células cardíacas.

Como um coração adulto não pode regenerar a si mesmo depois de danificado, este pode ser um primeiro passo em direção a um tratamento genético para doenças cardiovasculares. O resultado deste estudo foi publicado na terça-feira (14), na revista "Nature Communications".

"Isto é realmente animador. Os cientistas têm tentado fazer com que as células do coração se proliferem há um bom tempo. Nenhum dos tratamentos atuais é capaz de reverter a degeneração do tecido cardíaco —eles apenas diminuem o avanço da doença. Agora, nós achamos um jeito de fazer isso", disse a doutora Catherine Wilson, que liderou o estudo do departamento de Farmacologia da universidade britânica.

O que rolou?

Nos mamíferos, o ciclo celular é bastante controlado. O câncer se desenvolve quando as células começam a se replicar de forma incontrolável, e o oncogene Myc tem um papel fundamental neste processo.

Este gene é conhecido por ativar a replicação celular na maioria dos cânceres. Por isso a maioria dos estudos foca em tentar controlar o Myc para desenvolver uma cura ou terapia.

Quando os pesquisadores liderados pela doutora Catherine Wilson fizeram o gene se tornar hiperativo em um rato de laboratório, o resultado foi o esperado: as células começaram a se multiplicar em alguns dias e vários órgãos desenvolveram câncer, inclusive fígado e pulmões. Mas, nada aconteceu no coração.

Eles descobriram que, nas células cardiovasculares, a atividade do oncogene depende de uma proteína chamada Ciclina T1, codificada pelo gene CCNT1 dentro das células. Somente quando esses dois genes são ativados juntos, o coração entra em estado regenerativo e as células começam a se replicar.

Por que isso é importante?

Estima-se que, todo ano, cerca de 23 milhões de pessoas no mundo todo tenham problemas de insuficiência cardíaca e atualmente não há cura. Depois de um infarto, um coração humano chega a perder até 1 bilhão de células musculares. 
Ao contrário de outros órgãos, o coração adulto não pode regenerar a si mesmo, então essas células nunca são repostas. A perda delas reduz a força do coração, formando cicatrizes e levando à insuficiência cardíaca e até mesmo à morte.

Usando uma tecnologia de sequenciamento genético chamada ChIP, o estudo foi capaz de observar a ação do Myc nas células do coração e espera ser capaz de controlá-lo para desenvolver uma terapia genética.

"Nenhum dos tratamentos atuais pode reverter a degeneração do tecido cardíaco. Nós descobrimos que, mesmo quando o Myc está ativo no coração, as outras ferramentas que o fazem funcionar não estão ativas. Esta pode ser uma das razões para que o câncer de coração seja extremamente raro. Agora, nós sabemos o que estava faltando", afirmou Catherine Wilson.

Fonte: Uol

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