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25/02/2019
“Suco de graviola cura o câncer”. “Carboidratos alimentam o tumor”. “Carne vermelha agrava o câncer”. A lista de recomendações de terceiros para pacientes que tratam o câncer é extensa ― e, na maioria das vezes, mentirosa.
Enfrentando um momento difícil e, muitas vezes, com a saúde mental abalada, muitos pacientes e familiares acabam acreditando cegamente nestas e em outras informações falsas compartilhadas aos montes nas redes sociais. O problema se tornou tão grande que o INCA (Instituto Nacional do Câncer) formulou a cartilha “Dietas Restritivas e Alimentos Milagrosos Durante o Tratamento do Câncer: Fique fora dessa!”.
A ideia é desmistificar muitas “fake news” e alertar a população sobre tais “alimentos milagrosos”, sobre os quais não há evidências científicas e que ainda podem atrapalhar o tratamento do paciente.
Segundo Gabriela Villaça, nutricionista da unidade II do INCA, informações falsas sobre curas milagrosas do câncer sempre circularam. Nos últimos três anos, porém, a nutricionista diz que houve um grande aumento do compartilhamento destas fake news ― o que vem assustando os profissionais da saúde.
“Pacientes vêm relatando que eles não comiam carboidratos porque eles ‘alimentavam’ o tumor”, disse. “Ao conversarmos com médicos de outros estados, vimos que a desinformação é generalizada no Brasil. Por isso, precisamos nos posicionar.”
A cartilha alerta também para o risco de seguir dietas restritivas, como a chamada “dieta cetogênica”. “Ela restringe carboidratos e isso pode deteriorar a saúde do paciente”, alertou a nutricionista.
A dieta é procurada por pacientes por causa do mito que diz que carboidratos “alimentam o câncer” e “anulam” os efeitos da quimioterapia. Tais conselhos, no entanto, podem contribuir para a desnutrição do paciente e, consequentemente, atrapalhar o tratamento do tumor.
“Sabemos que, quanto mais variado o consumo de frutas e grãos, melhor será a saúde de uma pessoa. O estado nutricional adequado está relacionado ao progresso do tratamento. Se o paciente deixa de comer carboidrato, ele pode perder o peso involuntariamente e ficar desnutrido”, alerta a especialista.
Gabriela conta que há vários casos de pacientes desnutridos que, na esperança de encontrar a cura para sua doença, deixam de comer carboidratos e outras comidas “proibidas” durante o tratamento.
Outro alimento erroneamente considerado vilão do tratamento contra o câncer é a proteína de origem animal: carnes, laticínios e ovos. “Tudo isso [dietas restritivas] deixa de fornecer nutrientes importantes para o organismo”, disse.
Além de deteriorarem o estado nutricional de quem está em tratamento, essas fake news podem afetar a saúde mental do paciente. “Com certeza esse bombardeio de informações causa um estresse emocional”, afirma Gabriela.
A nutricionista se recorda de um caso de um senhor que, por causa da quimioterapia, só conseguia comer polenta. Ele deixou de comer seu prato favorito porque a filha do paciente achava que carboidrato era ruim para o câncer, o que ocasionou em uma perda excessiva de peso e desnutrição.
“O paciente se culpabiliza por achar que tem uma alimentação errada e culpa o profissional de saúde por não tê-lo alertado”, disse Gabriela.
Não compartilhe as informações de redes sociais
Segundo a profissional do INCA, a primeira coisa a fazer é não compartilhar informações das redes sociais. “Sabemos que muita gente faz isso com intenção de melhorar a saúde de quem trata o câncer, mas acaba sendo um desserviço para a população e coloca vidas em risco”, alerta a nutricionista Gabriela.
Se você tiver uma dúvida sobre um alimento “milagroso” ou dieta que promete “curar” o câncer, também pode procurar o canal Saúde Sem Fake News, criado pelo Ministério da Saúde para combater informações falsas relacionadas à saúde humana.
Pelo número de WhatsApp, qualquer um pode enviar mensagens sobre informações virais, que serão prontamente apuradas pelas áreas técnicas do Ministério e respondidas se são verdade ou mentira.
O INCA disponibiliza ainda muitas informações sobre o tratamento do câncer e alimentação saudável em seu site.
Por fim, a nutricionista lembra que alimentos não curam o câncer, mas alguns podem ajudar na prevenção e no tratamento.
“Já é provado que alimentação saudável, exercícios físicos e estilo de vida saudável são fundamentais para qualquer pessoa, principalmente para quem está em tratamento e sobreviventes do câncer”, conta.
Aqui estão as recomendações:
Manutenção do peso adequado.
Vida ativa.
Manter um estilo de vida saudável.
Alimentação baseada em frutas, verduras, legumes e grãos.
Reduzir o consumo de carne vermelha (ideal é cerca de 500 gramas por dia).
Evitar carne processada como linguiça, salsicha e peito de peru.
Não fumar e não beber álcool.
Evitar carboidratos ultraprocessados como salgadinho, refrigerantes, bolachas e congelados.
Fonte: Huffpost Brasil
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