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Inteligência artificial: robôs tratam câncer e podem acabar com filas, mas também roubar empregos

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22/01/2018

 

Máquinas movidas por tecnologia de inteligência artificial já te lembram de compromissos, traçam o melhor caminho até sua casa ou tocam músicas que você pede. E elas estão prestes a entrar com mais força na sua vida.

Seja para acabar com filas no supermercado ou para dar diagnósticos médicos em menor tempo. Por outro lado, esses robôs devem afetar alguns empregos. Para especialistas ouvidos pelo G1, isso é questão de tempo – mas outras ocupações irão surgir.

Inteligência artificial (AI, na sigla em inglês), geralmente, é o nome dado a sistemas automatizados com capacidade de resolver tarefas sem que as instruções tenham sido explicitamente inseridas em seus códigos.

Mas não só. "AI é uma disrupção completa. Não é só sobre software, mas é também analisar dado e conseguir treinar sistemas", diz Danny Lange, vice-presidente de AI da Unity, empresa por trás dos motores de jogos famosos como "Pokémon Go", "Angry Birds" e o indie "Never Alone".

Se ficou difícil para você, Soma Velayutham, líder de AI na Nvidia, diz que isso é desafio até para quem está acostumado a lidar com bits e bytes. "É uma mudança de mentalidade. Você cria um algoritmo, e o algoritmo dirige a lógica."

Cérebro

Esses sistemas espertos são o cérebro de serviços populares como a Siri, da Apple, e a Alexa, da Amazon. "A gente fica ouvindo que a inteligência artificial são só as coisas sexy, como carros que dirigem sozinho, mas há coisas simples e mais dramáticas que fazem parte disso", diz Gunnar Carlson, presidente da Ayasdi, empresa especializada em criar "robôs inteligentes".

Longe dos holofotes e atrás do balcão de alguma empresa, esses robôs são um dos fatores determinantes na 4ª Revolução Industrial. Um estudo da McKinsey&Company mapeou quatro áreas em que eles já são usados:

  • Sugerir produtos e antecipar necessidades
  • Fazer máquinas trabalharem juntas
  • Personalizar ofertas e preço
  • Melhorar a experiência com um serviço ou produto


Fica a dica

No primeiro caso, entra o sistema de dicas da Netflix, que se baseia nos filmes que já foram vistos mas também recomenda algumas novidades.

Na mesma linha, a loja online alemã Otto criou uma ferramenta que acerta em 90% dos casos tudo que será vendido nos próximos 30 dias. O mecanismo é tão preciso, que a empresa não só faz compras de reposição com base no que ele aponta, mas confia nele até para construir armazéns.

Na área médica, o Watson, inteligência artificial criado pela IBM, tem sido usado no tratamento de câncer. Ele conseguiu traçar o plano de tratamento para um tumor no cérebro em 10 minutos, enquanto um médico leva 160 horas.

O robô da IBM ficou famoso quando venceu em 2011 o jogo Jeopardy!, de perguntas e respostas sobre conhecimentos gerais. O Watson é um dos expoentes em inteligência artificial e seu sistema tem aplicações em indústrias diversas, como saúde, finanças e música.

Tabelinha entre máquinas

A AI também é o que faz os robôs dos centros de distribuição da Amazon trabalharem freneticamente sem dar trombadas. O tempo entre um pedido chegar, o produto ser encontrado, embalado e ficar pronto para entrega caiu de até 75 minutos, quando humanos faziam o trabalho, para 15 minutos, depois que as máquinas assumiram.

As máquinas inteligentes também são usadas por varejistas para oferecer descontos ou até mesmo alterar preços a determinados consumidores, de acordo com compras já realizadas, idade, endereço e até hábitos de comportamento na web.

Pagamento invisível

Uma iniciativa da Amazon é exemplo de como sistemas inteligentes podem melhorar a experiência de um consumidor. Ainda em testes, a Amazon Go fica em Seattle e é um mercado desses de rua. A diferença é que o comprador sai de lá sem coçar o bolso. Não há caixas de pagamento.

Funciona assim: ao entrar, o cliente registra sua chegada (abre o app da loja e o aproxima de catracas); quando retira produtos das gôndolas, eles são adicionados ao seu carrinho virtual (o item sai da cesta quando volta para as prateleiras); com a compra finalizada, basta ir embora, e a Amazon manda a cobrança para o cartão de crédito cadastrado no aplicativo.

A varejista ainda não explicou como cada etapa funciona, mas diz que envolve vários elementos de inteligência artificial.

Futurístico

As empresas que apostam nessas ferramentas transformam o desafio de lidar com a enxurrada de dados produzida diariamente em oportunidade. Aproveitam a explosão da capacidade de processamento dos últimos anos. A lista das adeptas vai das tecnológicas Apple, Baidu, Google e IBM às montadoras BMW, Tesla e Toyota, passando pelas gigantes industriais ABB, Bosch, GE e Siemens.

"Daqui a três, cinco anos, AI vai ser tão presente que a ideia de que AI é novo e excitante continuará, mas não será a de que é algo futurístico", diz chefe de marketing da Neura Labs, empresa que usa "robôs" para dar prognósticos médicos.

Trabalho

Só que, com tantos robôs batendo ponto, o trabalho de humanos se torna dispensável. Segundo a McKinsey & Company, 60% das ocupações têm pelo menos 30% de chance de ter alguma atividade automatizada.

Esse potencial é medido conforme a possibilidade de alguma tecnologia ser adaptada para substituir o componente humano de determinado trabalho. A escala de risco vai de 100 (para operadores de máquinas, por exemplo) a próxima de zero (psiquiatras e legisladores).

"Eu realmente acho que a inteligência artificial vai tomar conta do mundo e engolir todos os empregos. Mas podemos relaxar, pois isso vai demorar pelo menos 10 anos", brinca Lange, da Unity. Mas essa opinião não é consenso entre especialistas.

"A raça humana é muito adaptável e esse mito de que AI tomará conta de tudo não vai acontecer. Vamos ver o aumento de AI nas nossas vidas, assim como ocorreu com os smartphones", diz Velayutham, da Nvidia.

"Na verdade, eu acho que vai permitir muitos mais empregos. Se você me permitir dar um exemplo, veja a questão do envelhecimento no Japão. Temos um monte de questões humanas para resolver", afirma.

Para Carlson, da Ayasdi, não faria muito sentido construir robôs que trabalhassem para pessoas se isso atrapalhasse a vida delas. "Muitas das coisas que a gente faz é otimizar algum tipo de função objetiva. Frequentemente, ela é escolhida pela simplicidade matemática e, você sabe, para o bem estar das pessoas. Mas no fim do dia, o objetivo final é o bem-estar dos seres humanos, em um sentido geral."

Lange fala sério. Responsável por motores de inteligência artificial que mantêm jogadores com a cara grudada em mais de 2,5 bilhões de aparelhos em todo o mundo, não eliminar os humanos do ambiente de trabalho pode ser um truque criado por robôs para deixar as pessoas no jogo.

"Quando você usa AI em games, muitos desenvolvedores dizem que não é interessante porque os personagens se tornam super-humanos e matam você todo o tempo. Mas isso depende da função objetiva [do robô]. Basicamente ele aprende a te deixar mais entretido, ir, ir e ir, em vez de ficar te matando a toda hora. Toda a mágica está na forma como você expressa sua agenda, o que você quer."

Fonte: G1

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