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Interruptor de DNA pode explicar câncer

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Numa tarde fria de junho de 2009, o pernambucano Marcelo Nóbrega observava ansioso embriões de camundongo transgênico no microscópio de seu laboratório na Universidade de Chicago, EUA. Sua expectativa parecia prosaica: ver as próstatas dos bichinhos ficando azuis.

"Acho bom ficarem. Esses transgênicos custaram uma fortuna", brincou o cientista.

Mais de um ano depois, Nóbrega respira aliviado. As próstatas de fato ficaram azuis, o que revela uma possível nova explicação genética para várias doenças humanas --do câncer de próstata à obesidade.

O estudo sobre os camundongos transgênicos, publicado no periódico "Genome Research", mostra que "letras" de DNA aparentemente sem função nenhuma no organismo são capazes de induzir tumores nos animais.

Essas sequências, conhecidas como ativadores, ainda são um mistério para os cientistas. Primeiro porque, diferentemente dos genes, elas não trazem a receita para a fabricação de nenhuma proteína: a informação codificada em suas letras A, T, C e G não se traduz em nada.

Mesmo assim, são capazes de influenciar a ativação de genes que estão a até 1 milhão de "letras" de distância delas no genoma.

É como se um interruptor instalado na Avenida Paulista, em São Paulo, pudesse ligar uma lâmpada no estádio do Palmeiras, a mais de três quilômetros de distância.

Até bem pouco tempo atrás, os ativadores eram considerados uma mera curiosidade pelos geneticistas.

Sua importância para a medicina começou a ficar clara principalmente nos últimos três anos. Foi quando a tecnologia de sequenciamento do DNA passou a permitir a análise de genomas inteiros em busca de mutações associadas a doenças comuns, como obesidade.

"A boa notícia é que, para várias doenças, apareceram genes associados sobre os quais não se conhecia nada", disse Nóbrega à Folha. "A má é que os estudos mostraram que ao menos metade das regiões do DNA cujas mutações aumentam o risco de doenças não têm genes."

Pescaria

O grupo de Nóbrega em Chicago tem se dedicado a achar formas de localizar esses interruptores genéticos e saber como eles ajudam a ligar e desligar certos genes.

Mesmo que a proteína fabricada por um gene não possua alterações, uma mutação em um ativador pode desencadear a doença.

Foi o que o grupo descobriu no caso do câncer de próstata. A alteração de uma letra na sequência de DNA de um ativador foi capaz de afetar um gene ligado ao controle do ciclo de vida das células e torná-lo "malvado" na próstata, gerando o tumor.

O problema é achar os tais ativadores em meio à balbúrdia no genoma. O trabalho equivale a olhar a luz acesa no Parque Antártica e tentar adivinhar, entre milhares de prédios na vizinhança, onde está o interruptor.

Roedores e Homens

Essa pescaria genômica pode ser feita de várias formas. Uma delas consiste em comparar trechos de DNA de humanos, peixes, camundongos e aves em busca de sequências idênticas.

Se um trecho foi mantido intacto pela evolução ao longo de mais de 400 milhões de anos (tempo que separa humanos e peixes) é porque ele tem alguma importância.

"É um método meio canhestro", admite Nóbrega, pai da técnica. "Você fica com muitos candidatos."

Entra em cena a bióloga paulista Ivy Aneas, orientanda de pós-doutorado do pernambucano. Ela desenvolveu um método que permite descobrir se uma determinada sequência é um ativador ou não e em que tecido do organismo ela age.

A técnica consiste em montar em laboratório uma fita de DNA usando o candidato a ativador e um gene de bactéria chamado Lac-z. Esse gene codifica uma proteína capaz de deixar azuis os tecidos nos quais se ativa. Para isso, o gene precisa ser ligado por um outro trecho de DNA, conhecido como promotor.

A ideia de Aneas foi usar o suposto ativador humano como promotor da Lac-z. Se fosse de fato um ativador de um dado tecido, proteínas presentes na célula reconheceriam sua sequência e se ligariam a ele, ativando o Lac-z.

As fitas de DNA assim montadas foram inseridas em embriões de camundongo. Como as próstatas dos bichinhos realmente ficaram azuis, os cientistas conseguem saber que a sequência candidata é de fato um ativador de próstata.

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