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19/08/2019
Uma pesquisa científica fomentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) analisou uma nova tecnologia de rastreio do câncer do colo de útero, por autocoleta, e teste rápido para o Papilomavírus Humano (HPV) em mulheres ribeirinhas do município de Coari (AM), localizado a 363 quilômetros de Manaus.
O método alternativo de rastreamento, coordenado pela pesquisadora Valquíria Martins, vai auxiliar no diagnóstico precoce das lesões precursoras do câncer de colo uterino, bem como subsidiar discussões que reduzam os números de morbidade e mortalidade das Neoplasias Intraepiteliais Cervicais (NICs).
O HPV é o vírus mais comum de infecção sexualmente transmissível no mundo e desempenha um papel importante no desenvolvimento do câncer de colo de útero. Possui diversos subtipos oncogênicos (que ocasiona ou contribui para o surgimento de tumor maligno) que são responsáveis por mais 99% dos cânceres cervicais.
Autocoleta
A autocoleta consiste no uso de um dispositivo estéril com o qual a própria mulher faz coleta de células do canal vaginal e do colo do útero para avaliar a presença do HPV. O estudo foi realizado com 412 mulheres, com idades entre 18 e 81 anos, selecionadas de 32 comunidades ribeirinhas, no período de agosto de 2014 a fevereiro de 2015. As amostras foram obtidas por autocoleta nas casas das mulheres utilizando dispositivo próprio.
O procedimento permite aumentar o índice de cobertura do exame ginecológico em regiões remotas e de difícil acesso, pois não demanda o deslocamento das pacientes para a coleta de amostra cervical, e possibilita que parte da população, sem acesso aos programas de prevenção, integre-se a eles.
A autocoleta com escova foi uma ferramenta aceita por 97,8% das mulheres entrevistadas e considerada de fácil manuseio por 95,4% das participantes. Quanto mais esse instrumento se tornar familiar ao público, mais mulheres estariam dispostas a utilizar esta opção de coleta no futuro.
Amostras analisadas
Nas amostras cérvico-vaginais estudadas, foi constatada a prevalência de infecção por HPV em 77 mulheres (18,7%). Em seis mulheres (1,4%), foi observada a expressão da proteína E6, que é altamente oncogênica. Estudos relatam que a expressão dessa proteína seja responsável pelo início e a manutenção do processo que culmina no câncer cervical.
As mulheres com triagem positiva para um dos testes foram submetidas à avaliação colposcópica (procedimento médico diagnóstico para avaliar o colo do útero e os tecidos da vagina e vulva) e exame histopatológico (permite afirmar a natureza de uma lesão), quando necessário.
O resultado histopatológico das mulheres positivas no teste identificou um caso de neoplasia intraepitelial cervical de grau I (NIC I), um caso de neoplasia intraepitelial cervical de grau III (NIC III) e um carcinoma invasor.
De acordo com Valquíria Martins, um diagnóstico preciso de HPV é essencial, pois vai definir se o vírus presente é de alto risco ou não, podendo influenciar no prognóstico da doença.
O estudo também contribuiu na formação de recursos humanos e resultou na dissertação de mestrado da aluna Josiane Montanho Mariño, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Coordenado pela pesquisadora Valquíria Martins, o projeto “Descrição da frequência de lesões de alto grau do colo do útero pela presença da proteína E6 e da genotipagem do Papilomavírus Humano (HPV) encontrados em mulheres ribeirinhas do município de Coari/AM, utilizando técnica de autocoleta” foi desenvolvido na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) e amparado pelo Programa de Apoio à Pesquisa (Universal Amazonas), Edital Nº 030/2013. O estudo foi publicado no periódico científico online Plos One.
Fonte: G1
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