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Por que os médicos não chegam a um acordo sobre o exame de próstata?

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12/07/2017

 

Não é incomum que a medicina reveja suas condutas e mude formas de tratar e diagnosticar  algumas doenças. Reportagem publicada por ÉPOCA mostra que entre 2001 e 2010, 40% dos 363 artigos publicados em um jornal científico a respeito de padrões de cuidado voltavam atrás em antigas recomendações médicas. Um dos exemplos dessas reviravoltas que tanto angustiam pacientes é quando os homens devem fazer exames para procurar tumores na próstata. O rastreamento precoce é uma das principais ferramentas da medicina moderna para prevenir doenças. Mas como os pacientes devem se comportar quando nem os médicos se entendem?

A partir dos anos 1990, recomendava-se que o rastreamento para câncer de próstata, um exame de sangue que mede uma proteína chamada PSA, fosse feito anualmente em homens com mais de 50 anos. Em 2012, especialistas americanos indicaram o contrário: o melhor era não fazer, sob o risco de chegar a falsos positivos. Segundo a recomendação da Força-Tarefa de Saúde Preventiva dos Estados Unidos – um grupo de peritos independentes escolhidos pelo governo –, há fortes evidências de que os danos associados ao rastreamento superam seus possíveis benefícios. Os estudos nos quais o grupo se baseou mostram que para cada 1.000 homens que fizeram a cirurgia para o câncer de próstata cinco morrem em até um mês e entre 10 e 70 sobreviveram com sérias complicações. Além disso, os procedimentos relacionados a esse tipo de câncer, como a cirurgia e a radioterapia, estão associados a efeitos adversos de longo prazo: para cada 1000 homens que passam por esses procedimentos, entre 200 e 300 desenvolvem incontinência urinária ou disfunção erétil.

"O rastreamento não diminui significativamente as mortes por câncer de próstata, pois não há relação tão confiável entre o PSA e os tipos mais agressivos”, diz o médico Rodrigo Lima, da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Seguindo essa lógica, homens com tumores que não matariam são submetidos a procedimentos que podem lhes causar prejuízos por toda a vida. O Instituto Nacional de Câncer, o Inca, também não recomenda campanhas de rastreamento. A posição é polêmica. A Sociedade Brasileira de Urologia é contra a recomendação de não fazer o rastreamento. Como ficam os homens que poderiam ter a vida salva por um simples exame?

No final do 2015, surgiu uma nova reviravolta que reforça a posição da Sociedade Brasileira de Urologia. Pesquisadores da Sociedade Americana de Câncer publicaram um estudo sugerindo que, talvez, o alerta contra o rastreamento fora longe de demais. Menos homens têm sido diagnosticados com câncer de próstata nos Estados Unidos nos últimos anos. Em 2001, 213. 562 foram diagnosticados nos EUA. Em 2012, foram 180.043, uma queda 15% nos casos. Infelizmente, essa queda não significa que a doença tenha se tornado menos comum, apenas que diagnósticos deixaram de ser feitos – e, possivelmente, vidas de serem salvas. Os números acenderam um alerta. Em abril de 2017, o painel independente de especialistas que fornece recomendações de saúde ao governo americano voltou atrás, e passou a recomendar que os homens, a partir de 50 anos, discutam com o seu médicos os benefícios e riscos de fazer o rastreamento, de acordo com seu caso particular. Homens com histórico na família ainda são aconselhados a fazer o exame; aqueles com mais de 70 continuam desaconselhados a fazê-lo.

A contenda médica deixa os pacientes confusos, com razão. " Me posiciono contra o rastreamento populacional, mas não contra o caso a caso", diz Lima, da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. "Homens em cuja família há casos de câncer de próstata podem usar o exame para tirar dúvidas. Mas a decisão deve ser do paciente, informado dos prós e contras." O urologista e americano David Penson, que ponderou os argumentos de cada lado em um editorial do Jornal da Associação Médica Americana, da mesma opinião.  "Talvez devêssemos desenvolver estratégias de rastreamento personalizadas de acordo com os riscos do paciente”, disse em entrevista a ÉPOCA. O médico sugere que o rastreamento deve ser melhorado, focando nos homens que apresentem um grau maior de risco, com casos na família."Cada homem deve discutir com seu médico e tomar sua própria decisão”, recomenda Penson. Leia a entrevista completa a seguir:

ÉPOCA – Qual é o veredito? Homens com mais de 50 anos devem ou não fazer o rastreamento para câncer de próstata?
David Penson – Essa é uma questão difícil. Há benefícios e riscos relacionados ao rastreamento. Cada homem deve discutir com seu médico e tomar sua própria decisão: se o rastreamento é a coisa certa para ele ou não.  É difícil fazer uma recomendação coletiva para todos os homens com mais de 50 anos porque cada homem tem suas próprias preferências e há homens em maior risco relacionado ao câncer de próstata do que outros.

ÉPOCA – O que significa a diminuição do câncer de próstata? Quais são as consequências dessa queda?
Penson – Como eu mencionei no editorial que escrevi para o Jornal da Associação Médica Americana, a diminuição de casos de câncer de próstata quase certamente se deve à redução do rastreamento da doença, conforme recomendação da USPSTF [sigla em inglês para Força-Tarefa de Saúde Preventiva dos Estados Unidos]. Isso não significa que os casos de câncer não estejam lá. Significa apenas que nós não estamos detectando eles. Ainda é cedo para saber exatamente as consequências disso, mas alguns acreditam que o resultado pode ser o aumento na mortalidade relacionada especificamente ao câncer de próstata por causa do atraso na detecção precoce e perda de oportunidades de intervenção.

ÉPOCA – Quais são as alternativas para prevenir mortes por esse tipo de câncer?
Penson – Uma alternativa é identificar melhores maneiras de fazer o rastreamento que minimizem os danos e maximizem os benefícios. Não está claro que o rastreamento anual seja o melhor caminho a seguir.  Talvez devêssemos fazer o rastreamento a cada dois anos ou talvez devêssemos desenvolver estratégias de rastreamento personalizadas de acordo com os riscos clinicamente significativos do paciente. Eu espero que haja biomarcadores melhores no futuro, mas, por enquanto, essas são algumas das alternativas.

Fonte: Época

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