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07/09/2019
Terapias que tratam tumores no pulmão de forma não invasiva, como a radioterapia cirúrgica, podem no futuro substituir cirurgias contra o câncer considerado por médicos como um dos mais letais.
Chamada também de radiocirurgia, a técnica consiste na aplicação de superdoses localizadas de radiação sem afetar tecidos saudáveis.
Em São Paulo, a terapia está presente no Hospital Israelita Albert Einstein, que começou a operar a tecnologia há cinco anos, e no Vila Nova Star, da Rede D’Or São Luiz, que inaugurou neste mês cirurgias desta forma.
Por enquanto, a técnica é aplicada em idosos ou pessoas impedidas de fazer uma operação para retirar o tumor.
“A radioterapia com acelerador linear [equipamento comumente empregado no tratamento de cânceres diversos] é feita, em média, em 28 sessões. Com a radiocirurgia, é possível tratar em cinco sessões”, diz Paulo Hoff, oncologista da Rede D’Or São Luiz. Ele ressalta a necessidade de combinar a técnica a outras terapias para maior eficiência.
No hospital Albert Einstein, experimentos que devem começar até o fim do ano vão testar se o emprego dessa tecnologia, aliada à imunoterapia —que estimula o sistema imunológico a encontrar e combater células cancerígenas—, pode ajudar a evitar cirurgias.
Gustavo Schvartsman, oncologista do hospital, explica que o objetivo será tratar cânceres de pulmão em estágio inicial. O estudo terá duração de 12 meses.
“Se em um ano o tumor não voltar, pode ser possível a não realização de um procedimento invasivo”, afirma.
Segundo o médico Gilberto Castro, do Hospital Sírio-Libanês, uma alternativa para o tratamento da doença são medicamentos que levam em conta mutações genéticas responsáveis por provocar o câncer —as chamadas terapias-alvo.
“É possível um tratamento menos tóxico e mais eficaz quando se sabe quais mutações genéticas têm o tumor. A partir disso se faz um protocolo customizado, que pode incluir quimioterapia ou imunoterapia.”
Em casos cirúrgicos, os três hospitais citados recorrem à operação videoassistida ou com o auxílio de um braço robótico, guiado por um profissional a partir de um console.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 31.270 pessoas devem ter câncer de pulmão, traqueia e brônquio entre 2018 e 2019. Desse total, estima-se que 18.740 sejam homens, e 12.530, mulheres. Ainda segundo o instituto, 85% dos casos de pulmão são decorrentes do uso de cigarro.
O índice poderia ser menor se houvesse rastreamento preventivo em pessoas com potencial de desenvolver a doença —fumantes entre 55 e 74 anos.
Pelo menos é o que aponta um estudo publicado no periódico New England Journal of Medicine. Exames de tomografia do tórax anuais ajudaram a detectar precocemente tumores e a reduzir em 20% sua mortalidade.
A prática não é recomendada por médicos brasileiros. Não há uma diretriz da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica sobre os exames —o que acontece com a mamografia para diagnosticar câncer de mama.
Uma das justificativas é a ausência de centros habilitados para investigar nódulos pulmonares. “Os especialistas não têm isso na cabeça e acabam não pedindo exames para a população tabagista. Esperam os sintomas”, diz Schvartsman.
Fonte: Folha de S.Paulo
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