Todos sabem ou já ouviram falar que o cigarro causa câncer. Isso não é surpresa para ninguém. O que surpreende é saber que são mais de quatro mil substâncias tóxicas, sendo 70 cancerígenas, presentes em um único cigarro. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, o tabagismo é a maior causa de morte evitável no mundo, acarretando anualmente em mais de 5 milhões de fatalidades. Mais de 50 doenças têm relação com o uso do fumo, entre elas estão os temidos infarto, derrame cerebral (AVC) e câncer. Com objetivo de chamar a atenção para a epidemia do tabaco e para as mortes que o hábito de fumar causa, a OMS criou o Dia Mundial Sem Tabaco, que acontece em 31 de maio e tem o simples objetivo de reforçar ao público os perigos de seu uso.
De acordo com o oncologista Rafael Luis, do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, de Campinas, interior de São Paulo, cerca de 90% das mortes por câncer de pulmão são atribuídas ao ato de fumar. E não é só tumor no pulmão! “Outros tipos de cânceres também têm relação direta com o fumo, como o de bexiga, cavidade oral, esôfago, laringe, mama, dentre outros, sendo que o uso do tabaco é considerado a maior causa e é responsável por 30% das mortes por todos os tipos de tumores”, alerta o médico.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o número de mortes anuais pelo tabagismo é de aproximadamente 200 mil por ano, ou seja, é como se o dobro de toda a população do município de Paulínia-SP, por exemplo, morresse todo ano em decorrência do câncer. Outra pesquisa encabeçada pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo mostrou que 65% dos casos de neoplasias de bexiga estão relacionados ao tabagismo. “Quanto aos gastos financeiros com o diagnóstico e tratamento do câncer relacionado ao cigarro, a estimativa é de uma despesa de mais de R$ 50 bilhões, o que corresponde a um pouco mais do que o PIB da cidade de Campinas”, associa o oncologista.
Mas, de fato, como o cigarro leva ao câncer? Segundo Rafael, a ciência mostra que as alterações genéticas provocadas pelo tabagismo são as causadoras das neoplasias malignas e os agentes carcinógenos presentes no cigarro entram nos tratos digestivos e respiratórios e no sangue, de onde chegam às diversas células do organismo. “Ao atingi-las, causam lesões ao DNA e podem levar a mutações nos genes, o que tem como consequência o aumento da chance desta célula se tornar maligna”, explica o especialista.
Câncer de pulmão
O médico afirma que quem fuma tem um risco 10 a 30 vezes maior de desenvolver o câncer de pulmão. “As consequências são estrondosas. São mais de 1,6 milhão de mortes por câncer de pulmão todo ano no mundo. Não há limite seguro para o uso do cigarro, ou seja, não usar é sempre melhor do que usar, mesmo que o uso seja pequeno. Há também os fumantes passivos, que são as pessoas que, recorrentemente, inalam a fumaça produzida pelos fumantes ativos. Apesar dos ativos apresentarem maior risco, os passivos também sofrem com o hábito e chegam a ter um aumento de 30% do risco de câncer de pulmão, além de 24% do de infarto”, afirma Rafael.
O oncologista explica que os riscos de câncer de pulmão reduzem de 20% a partir de cinco anos do dia em que se para de fumar, chegando a quase 90% de redução após 15 anos. “Assim também é com as outras neoplasias, como no caso da mama, em que a cessação do tabagismo reduz em 50% o risco de morte e a chance de retorno da doença. Fato é que parar é sempre o melhor remédio”, pontua Rafael.
* Rafael Luís é graduado em medicina pela Unicamp. Residência em Clínica Médica e Oncologia pela Unicamp. Mestrando em Oncologia na FCM-Unicamp. Rafael faz parte do corpo clínico de oncologistas do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia e atua no Hospital Vera Cruz, no Instituto Radium de Campinas e no Hospital Santa Tereza.
Sobre o Grupo SOnHe
O Grupo SOnHe - Sasse Oncologia e Hematologia, é formado por oncologistas e hematologista que fazem o atendimento oncológico humanizado e multidisciplinar no Hospital Vera Cruz, Hospital Santa Tereza e Instituto do Radium, três importantes centros de tratamento de câncer em Campinas. A equipe oferece excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento de forma ética, científica e humanitária, por meio de uma equipe inovadora e sempre comprometida com o ser humano. O SOnHe é formado pelos oncologistas: André Deeke Sasse, David Pinheiro Cunha, Vinicius Correa da Conceição, Vivian Castro Antunes de Vasconcelos, Adolfo Scherr, Rafael Luiz e Fernanda Proa Ferreira e pela hematologista Melina Veiga Rodrigues.